Um mito muito difundido no Brasil é a ideia de que o câmbio automático dos carros seria mais frágil e sujeito a problemas do que o tradicional câmbio manual. Mas será que isso é verdade? Vamos entender de onde surgiu essa ideia e o que acontece na realidade.
Durante muito tempo, a maioria dos veículos vendidos no Brasil tinha câmbio manual – diferente dos Estados Unidos, por exemplo, onde os veículos com câmbio automático fazem sucesso desde que a tecnologia foi lançada. Lá, os carros automáticos se tornaram maioria desde os anos 1980. No Brasil, o custo maior dos sistemas automáticos fazia com que eles fossem usados apenas nos carros de luxo, até que, por volta de 2010, a indústria conseguiu tornar a tecnologia mais acessível e hoje ela equipa dois terços dos carros que são vendidos no país.
No tempo em que a maioria dos carros era manual, muitos mecânicos não sabiam lidar com o câmbio automático (que é um sistema mais complexo) e, quando havia algum problema que precisava de conserto, frequentemente era preciso importar peças, que eram caras e difíceis de encomendar. O carro podia passar meses na oficina. Por isso ficou a imagem de que o câmbio automático seria uma dor de cabeça para o proprietário.
Mas isso tudo mudou. O fato é que, hoje, os câmbios automáticos são projetados para ter uma vida útil bem maior que os modelos antigos – podendo alcançar de 150 mil até 300 mil km sem troca de peças. O sistema é extremamente confiável e, por ser automatizado, não está sujeito às falhas humanas que de vez em quando arruínam um câmbio manual. Os problemas mais comuns com os automáticos estão ligados ao uso incorreto do sistema.
O lado negativo, porém, é que o custo de conserto em caso de problemas no automático é realmente maior. Afinal, todo o sistema é mais complexo, e muitas peças continuam sendo importadas. Então, é muito mais difícil que o câmbio automático dê problema – mas, quando dá, em geral a conta é alta. O custo médio do reparo num automático pode variar de cerca de R$ 4 mil, no caso de reparo de válvulas, até R$ 40 mil, quando é necessário recondicionar ou trocar a caixa por uma nova.