
A digitalização dos veículos, um processo que avançou rapidamente desde os anos 2000, aumentou muito o conforto e a segurança de motoristas e passageiros ao longo de anos. Porém, desde que a disputa comercial global pelos semicondutores se acirrou nos últimos meses, essa tendência acabou se transformando em um problema. Os carros, motos, caminhões e veículos em geral são cada vez mais informatizados, e a escassez de chips está ameaçando paralisar a produção de diversas fábricas, ao redor do mundo.
Um carro fabricado atualmente pode ter entre 1 mil e 3 mil chips, que servem para controlar praticamente todos seus sistemas, da injeção eletrônica aos freios ABS, para não falar no console multimídia e no painel de controle. Com a falta de chips, muitas fábricas simplesmente não podem operar. Segundo a Automotive News, algumas unidades da Honda nos Estados Unidos já estão paradas por falta de componentes. Na Europa, a Acea, que representa os fabricantes de veículos, alertou que as fábricas do continente podem ter de parar em poucos dias. Por causa da intervenção do governo holandês na Nexperia, uma das principais fornecedoras de chips simples para a indústria automotiva, o governo chinês proibiu a exportação do produto. Quem está produzindo está recorrendo aos estoques, mas eles estão cada dia mais baixos, de acordo com a associação.
O problema também afeta o Brasil. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), ao lado de entidades de outros setores ligados à indústria que também estão sendo impactados, teve uma reunião de emergência com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para tratar sobre a crise. “O impacto da falta de semicondutores vai além do setor automotivo, afetando uma gama de segmentos industriais que dependem desses componentes”, explicou a Anfavea em nota publicada pela Motor Show. “Com 1,3 milhão de empregos em jogo em toda a cadeia automotiva, é fundamental que se busque uma solução em um momento já desafiador”, alertou o presidente da entidade, Igor Calvet. “A urgência é evidente, e a mobilização se faz necessária para evitar um colapso na indústria.” No Brasil, montadoras como Hyundai, GM, Volkswagen, Toyota e Renault admitiram preocupação com o cenário de escassez de componentes. O governo brasileiro iniciou negociações com a China para que o país seja retirado da lista de embargo das exportações da Nexperia.
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